terça-feira, 7 de agosto de 2012

CATIMBÓ, UMA VERSÃO

Constantemente ouço a pergunta – o que é catimbó? – E meio sorrindo declaro, não é umbanda nem candomblé. É um culto com grande influencia do cristianismo, mesclado de influências de muitos outros seguimentos culturais. Trata-se de um culto livre formado pela concepção popular do grupo que o pratica, seja pela sua formação religiosa, intelectual e sócio-cultural.
A jurema existe como culto e como espírito para que em suas mesas sejam praticadas a caridade e a cura, física, espiritual, mental e social.
Quando em alguns meios fala-se em catimbó acontece um arregalar de olhos e corre de forma generalizada que isso é arte do demônio - nesse culto só se faz o mal, as entidades que nele acostam são eguns, espíritos não evoluídos, ou é o local onde só trabalha exu, e muito mais. Colocações falsas e errôneas de pessoas não têm conhecimento a respeito do que falam, não passando de meros repetidores do que corre popularmente de boca em boca pelos meios espiritualistas. O mau uso do conhecimento acontece em todos os seguimentos, seja no catimbó, umbanda, candomblé, nas igrejas evangélicas, católicas, etc., dentre tantos adeptos, praticantes, iniciados ou meramente simpatizantes, iremos encontrar aqueles que buscam somente o “lado negro da força”.
Outra pergunta é – por que, vocês falam tantas vezes, salve a jurema sagrada, quem pode mais do que Deus? – Para louvarmos e evocarmos o sagrado que esta em mim, em você, em tudo e todos. A jurema é sagrada por que ela é uma manifestação de caráter espiritual e divino; e o sagrado é a parcela de Deus que todos nós carregamos em nosso intimo. Portanto essa expressão pode ser vista como um mantra de harmonização e elevação de sentimentos, e mais que isso, uma forma de lembrar a si mesmo e a todos que existe acima de tudo um Ser Superior que tudo ve, julga, executa e determina na vida dos seres.
Por que as entidades são chamadas de mestres, e por que misturar caboclos, exus, baianos, pretos velhos em uma única gira, não seria uma nivelação de linhas? – Mestre, por que ele trás o conhecimento. Vamos entender o que isso quer dizer. Na grande maioria o caminho que o juremeiro faz no seu desenvolvimento e aprendizado é solitário, tendo apenas as orientações do seu “mestre” para guiá-lo na senda do auto conhecimento e do conhecer o outro para poder prestar-lhe auxilio. E quanto a “misturar” entidades, não estamos fazendo nivelamento algum, deveríamos parar e analisar, se os nossos amigos espirituais das mais diversas ordens e classes são capazes de se reunirem numa mesma mesa (gira) e trabalharem de forma harmoniosa colaborando uns com os outros, se despojando muitas vezes até de seus nomes, títulos e graus dentro da hierarquia espiritual, isso denota um alto grau de humildade, amor e respeito. Um grande mestre nos primórdios da fundação da nossa amada umbanda um dia respondeu, se tenho que ter um nome, me chamem de Caboclo das Sete Encruzilhadas – e que se tivesse sido dada hoje essa resposta, ela seria interpretada de forma dúbia – o que teria um caboclo haver com as encruzilhadas? Ele é caboclo? Ou ele é exu?
Acho meus irmãos que estas são as encruzilhadas que Deus e a vida nos colocam, para aprendermos a sermos humildes e respeitarmos as diversidades.

Que a Jurema Sagrada abençoe a todos nós!
 
 

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