A Umbanda tem nos caboclos uma de suas linhas de trabalhos espirituais. A linha
de caboclos é formada por milhões de espíritos, todos incorporados às
hierarquias espirituais regidas pelos Orixás menores, o primeiro grau da
hierarquia dos Tronos Naturais.
Espíritos oriundos de todas as religiões,
com as mais diversas formações teológicas e mesmo culturais, têm se integrado às
linhas de caboclo realizando um trabalho de caridade, doutrinação e
espiritualização junto aos seus afins encarnados.
Saibam que o Ritual de
Umbanda Sagrada congrega em seus colégios magnos, existentes no astral,
espíritos oriundos de todas as religiões, inclusive muitas que já cumpriram suas
missões no plano material, mas continuam ativas no lado espiritual da vida, onde
têm planos espirituais só seus e destinados a acolher seus afins que
reencarnaram.
O que foi codificado é que as religiões antigas teriam a
oportunidade de criar linhas de trabalhos espirituais e magísticas, que atuariam
sob a regência dos Orixás, mas recorreriam aos seus próprios conhecimentos e aos
mistérios das divindades intermediárias que os regiam.
Assim surgiram
muitas linhas de trabalhos, e todas foram englobadas no grau de linhas de
caboclos, de preto-velhos, de Exus e de Pomba- Giras.
Nas linhas de
caboclo muitas religiões estão presentes, e, só como exemplo, temos a linha de
Caboclos do Fogo, que é toda formada por “magos” do fogo adoradores de “Agni”, e
temos a linha de Caboclos "Tupã”, formada por pajés adoradores de Tupã, que é
Deus para os índios brasileiros.
- Agni é Deus na Índia, para os
hindus que o cultuam com esse nome.
- Tupã é Deus no Brasil, para os
índios que o cultuam com esse nome.
O simbolismo e a analogia
regularam à denominação das linhas de trabalhos espirituais, e todos os
espíritos incorporados a elas, venham da religião que for, preservarão o culto e
a reverência aos nomes iorubas das divindades, já que tanto o Deus hindu Agni
quanto o Orixá africano Xangô são o mesmo Trono da Justiça Divina mas adaptado a
dois povos, duas culturas e duas formas de cultuá-lo e adorá-lo.
A
divindade planetária regente da Justiça Divina é uma só mas manifestou-se de
forma diferente para povos e culturas diferentes. Logo, como a Umbanda,
fundamentou-se na teogonia iorubá, espíritos cuja formação religiosa
processou-se na Índia, quando incorporados trabalham com nome de Xangô, o Orixá
da Justiça Divina.
Com isso ordenou-se a religião e a religiosidade dos
umbandistas, pois um médium sabe que seu mentor é um espírito cuja última
encarnação ocorreu na Índia, mas manifesta-se quando cantam para Xangô, ou para
Oxóssi, ou para Ogum, pois mesmo os hindus são regidos pelos Sete Orixás
Ancestrais ou Sete Tronos Essenciais que não pertencem a esta ou àquela religião
e povo, mas, sim, estão na ancestralidade de todos os
espíritos.
Portanto, os espíritos que são incorporados, só são nas linhas
cuja divindade ou Orixá seja regente ancestral.
Assim, se na
ancestralidade de um caboclo está o elemento fogo, quem o rege é Xangô; e se
está o elemento mineral, quem o rege é Oxum, etc. E sua linha de trabalhos
espirituais atuará no campo do Orixá que está dando amparo divino à atuação dos
espíritos que se apresentam com o seu nome simbólico.
Não vamos dar todos os nomes
das linhas de trabalhos, mas só algumas:
-Linha de Caboclos
Sete-Montanhas, regidos por Xangô
-Linha de Caboclos Sete-Espadas,
regidos por Ogum
-Linha de Caboclos Cruzeiro, regidos por
Obaluaiyê
-Linha de Caboclos Sete-Pedras, regidos por Oxum
-Linha
de Caboclos das Matas, regidos por Oxossi, etc.
Mas temos linhas
mistas ou regidas por mais de um orixá:
-Linha de Caboclos
Sete-Flechas, regidos por Oxóssi e Yansã
-Linha de Caboclos
Sete-Pedreiras, regidos por Xangô e Yansã
-Linha de Caboclos Cobra-Coral,
regidos por Ogum, Xangô, Yansã, Oxóssi.
Nestas linhas, e em todas as
outras, são incorporados milhares de espíritos cujas religiões não eram a ioruba
nem a indígena brasileira. Mas todos têm uma forma de incorporar bem
características, que todos reconhecem quando incorporam para trabalhar,
diferenciando-os dos pretos-velhos.
A última religião de um espírito
pouco importa, pois na Umbanda ele reverenciará os Orixás aos quais já servia,
só que com outro nome.
Afinal, Deus é único, o Trono regente do nosso
planeta em seu todo também é único. E os quatorze Tronos Planetários Naturais
(os nossos Orixás) também são únicos, ainda que sejam cultuados com muitos
nomes.
Fonte:
Livro “UMBANDA SAGRADA”
Obra de Rubens Saraceni
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