sábado, 13 de abril de 2013

OPINIÃO SOBRE MITOLOGIA PAGÃ E CRISTIANISMO

Sobre um "purismo" no neopaganismo.


Aqui, Oferenda de Verão de Alma-Tadema. Esse pintor
é conhecido por retratar cenas do cotidiano da antiguidade.
Se não soubéssemos disso, poderíamos confundir essas
mulheres e suas oferendas com mulheres do mundo
contemporâneo? Seriam elas pagãs ou cristãs?
E ainda assim, isso faria alguma diferença?
Ao longo dos dias que envolveram o feriado da Páscoa pude observar um certo comportamento nas redes sociais que, confesso, me deixou um pouco incomodado: o compartilhamento constante de imagens e frases que faziam referência às origens pagãs da celebração que é popularmente conhecida como uma festa cristã. Até aí tudo bem, afinal, de fato praticamente todos os feriados religiosos cristãos tem sim, indubitavelmente, uma origem no paganismo antigo.

Mas isso seria motivo para desqualificar as expressões cristianizadas dessas festas? Será que uma celebração religiosa, por ter sido “pagã” séculos atrás, deve ter a sua face “cristã” desconsiderada? Me pergunto se esse tipo de mentalidade não reflete um certo sentimento de “purismo” no paganismo contemporâneo.



Eu prefiro pensar que a história é viva, constante e está em um intenso movimento de transformação do qual somos os que conduzem, mas que também somos os conduzidos. Não consigo encontrar menos sinceridade em um cristão que se utiliza do simbolismo do ovo para representar o renascimento do seu Cristo quando comparado a um pagão que se utiliza do mesmo ovo para representar a prosperidade ou a fertilidade da Natureza. Ao invés de falar que o cristianismo“rouba” ou “copia” as festas dos povos antigos, eu prefiro dizer que o cristianismo transforma-as, lhes dá uma nova roupagem e algumas vezes um novo sentido ou significado: mas não sendo purista, não tenho porque pensar que as primeiras festas, as “originais” são “melhores” ou mais “verdadeiras” que as festas cristianizadas pelo simples fato de terem aparecido primeiro.


Seria ingenuidade nossa, afinal, crer que as antigas festividades da deusa Eostre “nasceram”, prontas, como tal nós as conhecemos. Afinal, o fato de termos uma deusa da prosperidade cujo símbolo era um coelho e o costume antigo de presentear os entes queridos com ovos são só alguns e poucos dos elementos dessas expressões rituais cuja maior parte, infelizmente, morreu no passado. E antes disso, como os povos antigos celebravam o que hoje nós entendemos por primavera? Será que as festas de Eostre já não são uma “cópia”de festas mais antigas? E essas festas mais antigas, segundo o raciocínio comum, não seriam “melhores” pelo simples fato de serem mais antigas?

No caso do natal, muitos dizem que ele só é uma “cópia” das celebrações de Mitra. Mas as celebrações de Mitra no Império Romano também não seriam uma “cópia” do Mitra do Oriente? E as cerimônias do Mitra oriental, vieram de onde? E antes disso?

O que eu quero demonstrar, por ora, é que as celebrações cristãs, na missa ou nas procissões nas redondezas da igreja, podem ser tão válidas quanto as celebrações que fazemos envolvidas pelos nossos círculos mágicos. Afinal, o que nós estamos comemorando são só pequenas facetas e máscaras de uma realidade muito maior do qual não podemos explicar – ou seria muita pretensão tentar fazê-lo. Como já disse, quando um cristão ora para o seu Cristo, não está mais errado do que um judeu que ora para o seu Javé ou do que um pagão que reza para sua Deusa Mãe.

É importante conhecer a história? Sem dúvida! Mas não utilizemo-na para dizer que nossas crenças, por terem raízes mais antigas, são mais válidas ou mais “originais” que as outras doutrinas, mais recentes, que seguiram essas mais velhas. Afinal, a história é imortal. E mais que imortal, ela distribui o erro e o acerto, a verdade e a mentira, para todos os lados.

FONTE; www.diannusdonemi.com.br


terça-feira, 9 de abril de 2013

RAMATIS EXPLICA SOBRE AS BENZEDEIRAS

PERGUNTA: – Ser-vos-ia possível dizer algo sobre o tradicional benzimento do “quebranto” das crianças, o qual é levado a sério em muitos lares brasileiros, embora repudiado como tolice pela ciência acadêmica?
RAMATÍS: – Realmente, a maioria das mãezinhas brasileiras confia no sucesso do benzimento contra o chamado “quebranto”, e o responsabilizam pela apatia, sonolência, melancolia, inquietação, tristeza e inapetência dos seus rebentos queridos. Trata-se de perturbações morbígenas, que são atribuídas à projeção de fluidos de inveja, ciúme ou despeito lançados pelas pessoas de “mau-olhado”. Aliás, não vos deve ser desconhecido o caso de aves, animais e flores, que se abatem, adoecem e murcham depois que certas criaturas possuidoras de “olhos ruins”, os desejam ou invejam.
Embora a Medicina e os cientistas terrenos considerem o “quebranto” uma velha e tola superstição, o certo é que ele exerce-se disciplinado por leis tão lógicas como as que também coordenam o curso e a estabilidade das órbitas eletrônicas no seio dos átomos. Os fluidos etéricos e rnalfazejos projetados pelas criaturas invejosas, ciumentas ou despeitadas podem acumular-se no perispírito indefeso das crianças e chicotear-lhes o duplo etérico, perturbando o funcionamento normal dos “chacras” ou centros de forças etéricas.
O “chakra esplênico”, situado à altura do baço, no duplo etérico, responsável pela vitalização e pureza sanguínea, é o centro etérico que mais sofre e se perturba sob os impactos ofensivos dos maus fluidos, pois reduz a entrada do fluxo prânico, e afetando a saúde da criança, ela perde a euforia de viver, ficando triste e melancólica. Restringindo o tom energético do metabolismo etéreo ou magnético vital, o perispírito também é afetado no seu intercâmbio com a carne na sua defensiva natural.
O fenômeno do “quebranto” lembra o que acontece com certas flores tenras e sensíveis, que murcham prematuramente sob as emanações mefíticas dos pântanos. E o benzimento é o processo benfeitor que expurga ou dissolve essa carga fluídica gerada pelo “mau-olhado” sobre a criança, ou mesmo exalada de certas pessoas inconscientes de sua atuação enfermiça sobre os seres e cousas.
O benzedor do quebranto também bombardeia e desintegra a massa de fluidos perniciosos estagnada sobre a criança ou seres afetados desse mal, desimpedindo-lhes a circulação etérica. Embora os sentidos físicos do homem não possam registrar objetivamente o processo terapêutico de eliminação do quebranto, a criança logo se recupera.
PERGUNTA: – Há fundamento de que basta benzer a “touca” da criança afetada pelo quebranto, para então produzir-se o mesmo êxito terapêutico, como se ela estivesse presente ao benzimento?
RAMATÍS: – Considerando-se que a matéria é energia condensada, é óbvio que todos os objetos e cousas do mundo material emitem ondas “eletromagnéticas” e radiações do seu corpo ou duplo etérico, de cujo fenômeno originou-se a ciência da radiestesia, ou seja, o estudo e a pesquisa dessas emanações radioativas. Conforme já explicamos nesta obra o radiestesista sensível consegue identificar até as doenças alheias e prescrever a medicação certa, quer o faça pelo exame pessoal, como pela auscultação de um pouco de cabelos, um anel, um lenço ou mesmo de qualquer objeto de uso pessoal do enfermo.
No caso do benzimento da touca da criança com quebranto, o benzedor potencializa o duplo etérico da mesma pelo exorcismo fluídico e acelera o seu circuito magnético para uma ação dispersiva no foco virulento. Atrai as energias fluídicas benfeitoras, concentra-as na touca e depois as dinamiza pela sua vontade e pelo treinamento incomum. Então, quando a touca é colocada na cabeça da criança com quebranto, o potencial vigoroso concentrado pelo benzedor dispersa as forças daninhas, tal qual o reator atômico ativa e acelera as órbitas eletrônicas no seio nuclear dos átomos.
Quando a Ciência terrena aperceber-se da contextura sutilíssima do duplo etérico e da fisiologia dos chakras, cujo corpo imponderável é também fonte do ectoplasma mediúnico, ela então poderá solucionar inúmeras incógnitas na esfera da patologia humana, pois identificará desde o mecanismo oculto da ação hipnótica, o centro mórbido da epilepsia, a base imponderável das premonições e a natureza mais etérica de certos vírus e bacilos desconhecidos, muito afins a certas moléstias de cura dificultosa como o câncer.
PERGUNTA: - Em certo capítulo desta obra dissestes que o benzimento, a simpatia e o exorcismo também podem curar os doentes sensíveis a essa terapêutica exótica. Podeis explicar-nos melhor esses fenômenos de cura?
RAMATÍS: - Embora a medicina acadêmica explique cientificamente todas as vossas moléstias, há certas enfermidades, e em particular as de pele, que realmente são curáveis pelo processo de benzimentos, simpatias, exorcismos ou passes mediúnicos. Nada existe de misterioso nessa técnica terapêutica, pois o seu sucesso deve-se ao fato de o benzedor ou passista projetar sobre o doente o seu magnetismo hiperdinamizado pela sua vontade e vigor espiritual.
Em verdade, desde os tempos imemoriais existiram criaturas que benziam e curavam eczemas, impingens, “cobreiros”, feridas malignas, manchas, verrugas, cravos e nódulos estranhos que afetam o corpo humano. Outras sabiam eliminar bicheiras, as doenças do pelo do animal e também o “quebranto”produzido pelas pessoas de “mau-olhado”, cujos fluidos ruins afetavam as crianças, os vegetais e as aves.
PERGUNTA: - Mas os cientistas terrenos acham que tudo isso são lendas ou superstições tolas. Que dizeis?
RAMATÍS: - No século atual, realmente, esse êxito terapêutico é bem mais reduzido porque o homem moderno, além de sua descrença habitual ou do seu vaidoso cientificismo do século atômico, “fecha-se” de modo negativo à ação benfeitora dos fluidos e das energias que lhe são projeta das no processo oculto de benzimentos, exorcismo ou simpatia.
O indivíduo demasiadamente racionalista é escravo de sua personalidade e vaidoso do seu intelecto. Deste modo, ele torna-se impermeável à terapêutica dos benzimentos, cujo processo esotérico é sensibilissimo e exige muita receptividade magnética. Aliás, a atitude de “fé” ou de “humildade” favorece certas criaturas para o êxito dos tratamentos magnéticos ou homeopáticos, pois amplia ou aumenta a sua receptividade ou absorção do fluxo das energias curativas que lhes são transmitidas no tratamento.
Mas acontece que os enfermos, em geral, só procuram os benzedores quando já se encontram completamente desiludidos da farmacologia e da medicina do mundo. Só recorrem a essa terapêutica depois de saturados de injeções, pomadas, sulfas, antibióticos e drogas alopáticas, algumas das quais são ofensivas à própria natureza psíquica do homem.
Então, já minados por remédios violentos que provocam novas intoxicações, tornam-se refratários ao processo delicado do tratamento fluídico. E assim, por exemplo, um eczema que é de natureza mórbida “mais fluídica” ou psíquica, também se torna mais resistente aos benzimentos, porque a sua erupção foi agravada pelas medicações agressivas ou irritantes.
Sem dúvida, devemos louvar a medicina moderna pelo seu esforço na solução das afecções cutâneas, e, também, pela tarefa profilática contra os tratamentos perigosos, anti-higiênicos e supersticiosos, próprios dos curandeiros ignorantes ou farsantes, que negociam com a dor humana.
No entanto, como os eczemas ou os “cobreiros” têm sua causa principal nos maus fluidos psíquicos produzidos pelo próprio enfermo, em geral, são incuráveis pelos métodos tradicionais da medicina acadêmica. Malgrado a crítica dos médicos contra o empirismo terapêutico dos benzedores ou passistas, essas infecções cedem e desaparecem sob a terapia dos benzimentos, passes ou exorcismos porque o magnetismo vivificante dispersa os fluidos ruinosos concentrados na parte afetada.
 
Por: Ramatís – Médium: Hercílio Maes – Do livro Mediunidade de Cura – Editora do Conhecimento
Fonte: Ramatís Missão de Luz

BENZEDOR JESUS BARBEIRO

Jesus Barbeiro (Jesus da Leopoldina)

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Jesus Barbeiro desfilando no carnaval de 1978Jesus Barbeiro desfilando no carnaval de 1978
Jesus Maria José, casado com Maria José de Jesus, pai de um único filho, o nosso saudoso José Constantino (Zé Barbeiro), também benzedor bastante procurado e já homenageado pelo JL, quando do seu falecimento, através de seu editor-chefe, Rosalvo Pinto (“José Constantino” ano VI, nº 84, abril, 2010).

Os testemunhos (inclusive deste redator) o retratam como uma pessoa extremamente popular e integrada em praticamente todas as vivências de sua época.

Não perdia a missa dominical da manhã e sempre presente nas procissões. Folias de Reis... a visita à casa dele jamais podia faltar. Gostava muito de cavaquinho, Músico, foi clarinetista da banda, junto com Mindinho, seu irmão, também clarinetista de escol. O advogado Alair Coêlho, 81, recorda que Jesus ensinou-lhe os rudimentos da música.

Embora não tenha exercido nenhum mandato “gostava muito de política”, fala Solange, sua neta e diz também que seu pai, José Constantino, deve muito a ele sua eleição para vereador. “Era o dia inteiro pedindo voto”, repete ela.
Festeiro, adorava carnaval. Vera Melo e Solange lembram-se dele organizando e liderando um bloco de crianças, que desfilava pelos “quatro cantos”, após a concentração no Teatro Municipal – atual Casa de Cultura. Na festa do Rosário, então, lá estava o Jesus Barbeiro, no meio de um congado, que se reunia e esquentava os tambores em sua barbearia. Por muito tempo, fez parte da diretoria do famoso “Expedicionário Futebol Clube”. E continua Alair Coêlho: “foi seu diretor, quando o Totonho do Sô Bico mudou-se para Belo Horizonte”.

Era pedreiro. Trabalhou, informa Solange, na torre da igreja matriz na instalação de sinos. Sua personalidade, porém, casou-se muito bem foi com a profissão de barbeiro, pois é reconhecido o espaço social que uma barbearia representava nas pequenas cidades. “....aquela esquina transformou-se, ao longo dos anos, em um dos mais conhecidos pontos de referência da cidade. Pode-se dizer que todo resende-costense por ali passava e passa pelo menos uma vez por dia” (Rosalvo Pinto, art. citado).

Sem dúvida, Jesus foi o mais carismático barbeiro que a cidade teve até hoje. Consta que teria morado na rua em frente ao cemitério velho, onde montou sua barbearia. Depois morou numa casa no fim da atual rua José Coelho, numa casa um pouco além do antigo armazém do Antônio do Marisco. Gradativamente, foi aproximando sua barbearia ao centro da cidade. Mudou-a para um cômodo sob o sobrado do Joaquim Batista (atualmente de seu filho Nélson); mais tarde, para a atual avenida Monsenhor Nelson (“quatro cantos”), entre as casas do Jesus de Melo e do Totonho Gomes, até fixar-se definitivamente na rua Gonçalves Pinto, atualmente de seu neto, Cláudio.

Mas é como benzedor que Jesus solidificou ainda mais seu prestígio na cidade. Cresceu experimentando estas práticas, pois, sua mãe, dona Leopoldina, era benzedeira. Dentre os filhos de Leopoldina, Mindinho, Verônica, Cincinato e Jesus, dois seguiram seu caminho: Cincinato, que ao que parece, fazia garrafas e Jesus que só benzia.

Na barbearia e na casa onde morou com seu núcleo familiar (fica na rua Joaquim Leonel; é uma das casas mais antigas da cidade) atendia muitos pedidos de benzedura. “O povo tinha muita fé nele”, prossegue Solange. Benzia de tudo. Doenças, dores, chama-chuva, mordida de cobra, quebranto, mau-olhado, alergias e animais. Como todo benzedor tinha seus rituais. Não receitava, só um gole, ou mais, de água

Há um testemunho de jogador de futebol, com um problema preocupante na panturrilha, resolvido com sua benção. Outro, de uma íngua, cuja bênção foi feita roçando, suavemente, nela uma faca e balbuciando uma oração. Também, da cura de uma doença que pegou nuns porcos que um morador criava no final da rua sete de setembro.